13 de outubro de 2010

Paixão, a multifacetada

Paixão. Ô, palavrinha, viu?! Nunca vi, nem senti, nem ouvi nada parecido. Tão vária quanto una, tão suave quanto arrebatadora, tão ordinária quanto sublime, tão lancinante quanto deliciosa! Praga de palavrinha que morre e se renova com uma facilidade incrível. Ao mesmo tempo horrível e maravilhosa. No Dicionário Houaiss que eu tenho, uma versão digital, o verbete é bastante diversificado. Vejamos.

Paixão: "substantivo feminino – 1) o martírio de Jesus Cristo. Obs.: inicial maiúscula; 2) Derivação: por metonímia. Segmento do Evangelho que trata do martírio de Cristo; esse martírio, e o dos santos. Obs.: inicial maiúscula; 3) Rubrica: teatro. Peça teatral cantada, ou oratório sobre o tema da Paixão. Obs.: inicial maiúscula; 4) Derivação: por extensão de sentido. Grande sofrimento; martírio; 5) sentimento, gosto ou amor intensos a ponto de ofuscar a razão; 6) a coisa, o objeto da paixão ou da predileção Ex.: a leitura é sua paixão; 7) furor incontrolável; exaltação, cólera; 8) ânimo favorável ou contrário a alguma coisa e que supera os limites da razão Ex.: paixão religiosa; 9) sensibilidade, entusiasmo que um artista transmite através da obra; calor, emoção, vida Ex.: filme pleno de paixão; 10) Rubrica: filosofia. No kantismo, inclinação emocional violenta, capaz de dominar completamente a conduta humana e afastá-la da desejável capacidade de autonomia e escolha racional; 11) Rubrica: lógica. Categoria aristotélica que indica a passividade, a inatividade perante uma ação alheia". E ainda tem um acréscimo: "ver sinonímia de mania e martírio e antonímia de desleixo e indiferença". Que coisa, não?! Eu disse que ela é multifacetada...

Quanta coisa tem nome de “paixão”! Até umas diametralmente opostas! Nossa! Poucas palavras são tão paradoxais. Poucas palavras são tão diversificadas. Desde Cristo e do Evangelho (“Obs.: com inicial maúscula”, por favor) até sentimentos conflitantes como “amor intenso” e “cólera”. Rica é pouco para esta palavra.

O engraçado é como essa titiquinha de sentimento causa estrago. Basta um olhar para despertá-lo. Basta uma frase ou mesmo uma única palavra. Pode ser um convite romântico, uma proposta mais ousada, um afago inocente, uma qualidade ou mesmo (e especialmente) um defeito que vemos em alguém e com o qual nos identificamos. Pronto! Lá está a paixão, vivinha da Silva! Em compensação, basta quase qualquer uma dessas coisas, igualmente, para exterminá-la. Rotina, então, é a campeã de assassinato de paixões. Eu que o diga... Aliás, rotina não mata só paixão em mim; rotina me mata. Eu adoro uma novidade, uma surpresa! Não vivo sem isso. Não vivo sem a diabinha da paixão, em algumas de suas versões. As melhores, evidentemente.

Quem não gosta de sentir o coração bater mais forte por alguém, por alguma ideia, enfim, por algum motivo, qualquer que seja ele? Ah, é bom demais! Abaixo a rotina, viva a paixão! Mas com moderação – pelo menos no meu caso, que não gosto de excessos.

Quero me apaixonar loucamente uma vez na vida. Daquele jeito que as pessoas dizem, de perder a cabeça, de não pensar em outra coisa, de sonhar só com isso, de “ofuscar a razão”! Mas que depois passe, claro, pois os desatinos são ótimos quando são efêmeros. Senão a gente pira, credo. Por isso eu disse "uma vez na vida".

Eita, muito bom. Eu quero! Logo! Se não for pedir muito... ;-)


4 comentários:

  1. Após uma conversa com minha amiga Alma sobre este tema, chegamos à conclusão de que nossos corações não pensam... eles não são cérebros, são apenas corações... E, convenhamos, estando eles certos ou não (no julgamento que cada pessoa faz - onde mesmo? ah, em seu cé-re-bro), eles desempenham perfeitamente sua função. Eles não têm que pensar, têm que sentir. E sentem, viu?! Ô, como sentem... A droga toda é que muitas vezes há "caflito" entre ele e o pensante lá de cima... Enfim, coração ou cérebro, paixão ou não, vamos continuar sentindo e pensando, pensando e sentindo, nas horas certas ou não. Reclamar definitivamente não adianta.

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  2. Momentos em que não conseguimos achar razão nos sentimentos e talvez a melhor opção seja viver sem questionar...

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  3. Nunca me canso de ler... "Basta um olhar"

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