29 de dezembro de 2011

Se

O não dito desperta a sensação de angústia em relação ao passado, fazendo com que o presente se prenda àquilo que poderia ter sido. E no cenário composto pelo passado e pelo presente, o se da história torna-se o carrasco do futuro.

Eu, Você e a Tarde

Foi olhando para os seus olhos que eu me perdi,
Estava um tanto frio,
Mas assim mesmo você me aqueceu com o seu doce olhar.
E eu, meio que ali, fiquei te namorando...
Por um tempo.
E a tarde se passava.
E eu a te olhar... E imaginando um tempo.
“Onde nos coubesse.”
A nos olhar...
A nos tocar, a trocar ideias...
As quais nunca trocamos.
De sentir o teu cheiro!
De beijar a tua boca
E poder tocar os teus cabelos.
Foi tudo isso que pensei naquela tarde que virou noite
De segunda - feira, quando olhava a sua foto.

Diretamente de  Biarritz - Sul da França, por Tiago Felix.

A realidade do mundo

“Mundo? Mas que mundo? O meu ou o seu? Que mundo é esse meu Deus?
Que insiste em jogar no meu caminho troncos queimados e arames farpados.
Que insiste em me mostrar que lá fora, que nele, o caminho é de pedra e escuro.
E que é preciso cuidado!
Mas ao mesmo tempo ele insiste em me mostrar que lá fora, que nele, tudo é perfeito, tudo é rosa, tudo é azul. Que vai do laranja ao lilás.
Que só basta eu fazer uma escolha!
Que basta enxergar pela ótica que melhor preenche meu coração.
Mas que loucura é essa? Como eu posso entender?
Escolhas?
Caminhos?
Não sei decidir...”

Vontade

Peço 'licença' à Flor, mas me adianto para publicar esse escrito. Esse é especial! Foi nossa primeira criação em conjunto, feito a quatro mãos, dois corações e muitas vontades. Poderia ter inaugurado a reinvenção do blog, mas acredito que cabe neste momento para renorvamos a vontade de dar prosseguimento a esse "trabalho". Para quem em tudo vê poesia, Vontade, uma bela manifestação dos momentos de desejo.


Vontade

Essa vontade que domina meus pensamentos...
Me paralisa e entorpece
revolve minhas idéias e desejos
aspira meu corpo e minha alma
exala volúpia e inocência
ingenuidade e imprudência
Vontade que me faz perder o rumo
e me perder até de mim
Ela deita em minha mente e me devassa
consome todo o meu juízo e engole minha razão
E tudo ao meu redor é simplesmente
insuficiente para essa minha vontade
Essa vontade que é um bicho feroz
um bicho voraz
que chega e vai embora
mas enquanto não passa, faz estrago.
Vontade, vontade, vontade...
Vontade de quê?
Vontade de tudo, vontade de todos
vontade de mim, vontade de você
Vontade de fugir, vontade de esquecer
de lembrar, de ganhar, de ter
tão fulminante quanto fugaz
tanto assusta quanto apraz
tanto vive quanto jaz
Até que outro desejo
desperte outra vontade
e assim tudo se refaz

Alma e Flor.

4 de setembro de 2011

Pífano


 Mesmo que não haja dom, mesmo que não haja tato. No instrumento há o som. Há notas que vibram na melodia da vontade de sentir a música que todos somos capazes de ouvir. A música que toca o interior de cada um, fazendo com que o mundo seja nosso eterno palco para a dança da vida. A harmonia dos corações sensíveis ao som dos instrumentos e dos ruídos das criaturas nos faz perceber a sutiliza da cadência que pontua cada fase, cada momento da música e da vida. A sutileza dos timbres, dos graves e agudos que moldam a paisagem a frente de nossos olhos. São acordes de pífanos, tambores e sanfonas. Bandolins, flautas e clarins. Violões, baixos e guitarras. Cordas, couros e metais. Há som, há dom, há notas, há música, há vida. Ritmos que tocam a alma e se tornam intervalos de encontro.

28 de agosto de 2011

Desdém


Seu olhar atrai meu corpo que te deseja
Eu te desejo em cada palavra, em cada olhar
E você? Você joga comigo
Joga com meu corpo e com minha vontade
Devassa minha alma e meus pensamentos
Me tortura a cada palavra, exaure todo o meu ser
Me esgota!
Você me envolve e a cada gesto eu te procuro
Procuro seu corpo, sua pele, seu beijo
Mas só encontro palavras que me confundem
Que me abalam e me rejeitam
Mas o seu olhar me procura
Me toca e me enlouquece
Procuro seu corpo, mas só acho palavras
Palavras sem sentido, sem razão
Que me rejeitam
Palavras que enlouquecem
Olhar que me atrai

25 de junho de 2011

Tarde de Um Domingo

por Tiago Felix

Assim com o vento você veio...
Era tarde de um belo Domingo
E entre tantas pessoas você estava a sorrir,
Os seus olhos brilhavam, o seu semblante
Era de uma tranquilidade tamanha

A noite logo chegou e você se tornava
Ainda mais bela com o brilho da Lua
Que a irradiava...
O seu corpo suado com a música
Que tocava naquele instante
Eu parei por completo!

Nossa!

Não era a beleza que me tomava
Mas sim, a delicadeza e um doce olhar
Que me conquistava por inteiro

Naquele instante eu só podia te observar
E guardar todo aquele momento para mim
Como se fosse um livro prazeroso que acabava de ler
E me preparasse para descansar...

Foi dada a hora
E a madrugada logo veio
E com ela a brisa noturna se despedia
E consigo levaria tal moça que até hoje me encanto
Quando lembro seu olhar...
Naquela tarde de Domingo.

23 de junho de 2011

Inquietude

Aquele incômodo
Aquele aperto no peito que não tem nome
Não tem sentido
Não tem razão
Angústia
Desconforto
Vontade de não ser
Vontade de um novo ar
De outros sentidos
De novas razões
Inquieto
Nervoso
Voraz
É algo que não cala
Que consome a calma
A alma
O ser
É algo que não pára
Arrasa
Não cessa
É inquieto
Simplesmente assim
Sem nome
Sem razão para tirar a alma
O sentido
E abala
Até que acalme
Até cessar
Sem sentido
E sem razão

p.s: procurando uma imagem para compor esse escrito, achei um blog bem legal. E o mais interessante foi encontrar um post sobre Inquietude! Achei um máximo. É só conferir aqui: http://brisasolucoes.com.br/sandra/?p=53

9 de março de 2011

Escolhas da vida

Aqui estou eu para mais uma postagem. Até que não demorei tanto.
Este é um texto meu, publicado no livro "PrimaVersos", edição 2010, da CBJE. Não é grande como os outros que eu costumava escrever. Gosto desse justamente por ser simples, curtinho, direto e leve. Até bem objetivo, apesar da carga de subjetividade envolvida... :-D
Este texto tem o mesmo título do post, como costumo fazer. Fim de carnaval, resolvi colocá-lo aqui. Ainda estou com o eco da "Máscara Negra" na cabeça, de tantas vezes que ouvi. Sorte que eu gosto da música e, por mais que tenha ouvido trocentas vezes, isso só acontece uma vez no ano, então não chega a enjoar! ;-) Bem, mas voltando ao texto, aí está ele:

Escolhas da vida

E de todas as vidas
a única
De todas as cores
a que ainda não existe
De todos os sons
o silêncio
De todas as chances
só aquela que se foi
De todos os cárceres
a rua
De todas as batalhas
a mais longa e bela
De todas as festas
o amor
De todas as vontades
a minha, que busca
De todas as bocas
a sua

Flor

20 de fevereiro de 2011

Sigo

Sigo porque a vida é um sopro de esperança e inquietude
Cada segundo em nossa existência é um milagre cheio de mistérios
Acreditar na condição divina do ser nos cai como alento e consolo
Como não acreditar na vida eterna, se a que vivemos nos mostra tantos conflitos de alma e carne?
É preciso uma eternidade para se viver a condição de existência plena sem dores e desespero

Como não acreditar na condição divina do ser, se é ela que nos traz a redenção e esperança?
Já que a condição humana nos traz dor
Homens sem paz
Crianças sem luz
Desabrigados de amor
Mães sem filhos
Terra sem alimento

O prazer do consumo
O luxo da carne
A vontade dos excessos
O desprezo pelo outro

A condição humana nos vicia em não sentir
Em não olhar
Cria um mundo de coisas
Enxertos de dor e ignorância

Mas continuo seguindo
Pois a condição humana perece em sua efemeridade
E o que não se explica
O que nos traz esperança
Possui a eternidade como recompensa
A eternidade da alma
A evolução do espírito

A expansão da consciência
A natureza em equilíbrio
Dias de paz
Crianças com auras azuis
Terra fértil
Amor sem medida

E por isso sigo
Sigo porque a vida encanta e intriga
Porque o simples ato de existir nos traz a cada dia a esperança do amanhã

16 de fevereiro de 2011

Que tudo seu seja eu

Nossa, dois meses se passaram e eu não havia inaugurado 2011! Mas agora eis-me aqui. Senti saudades de mexer no blog, nos meus escritos... Agora que "estamos de cara nova" ficou uma delícia mexer aqui! \o/
Posto hoje um poema meu, publicado pela CBJE. Como normalmente acontece, tive que enviar uma versão reduzida dele para a CBJE, do contrário não caberia no número de linhas exigido. Só que aqui no blog eu prefiro colocá-lo na íntegra. Ele tem o título desse post. Foi escrito num rompante de paixão, à la novela mexicana, mas eu gosto dele! rs É divertido reler e ver o que já sentimos, imaginamos, pensamos, julgamos, condenamos, absolvemos... Enfim, aí vai ele:

Que tudo seu seja eu

Venha fazer do meu peito seu abrigo
do meu colo seu porto-seguro
das minhas pernas seu apoio
da minha mente sua loucura
dos meus ombros seu travesseiro
dos meus lábios seu desejo
dos meus cabelos sua teia
do meu olhar sua entrega
das minhas mãos sua força
das minhas curvas sua estrada
Que você seja como um passarinho
que voa longe mas volta pro ninho
Que eu seja noite pro seu sono
personagem pros seus sonhos
dia claro pro seu prazer

tempestade pros seus rompantes
blackout pra sua fuga
espelho pra sua alma
estímulo pra sua vontade
mistério pro seu segredo
volúpia pra sua ousadia
ternura pro seu amor
dentes e unhas pra sua ferida
mas também a cura pra sua dor
Que eu seja seu tormento e sua calma
sua raiva e seu tesão
sua angústia e sua ira
sua pressa e impaciência
mas seu destino e seu perdão
sua confiança e sua doce
intensa e infinita paixão


Taí. Por hoje é só. Pretendo demorar menos a voltar aqui...
Flor

18 de janeiro de 2011

Melodia

Inauguramos 2011 com um belo poema de Tiago Felix. Mais uma vez ele traz para o blog a simplicidade dos seus versos e sua sensibilidade. Em "Melodia" a sinestesia é a grande sacada do autor, fazendo a relação entre audição e olfato, visão e tato... Um convite as experiências sensoriais. E ainda deixa a cabo do leitor interpretar as alusões ao "tempo" e a "dimensão". É um escrito vivo! Apreciem sem moderação!
Melodia...
Cantei para você,

Mas você não escutou
Pois o cheiro que havia nas ruas,
Já não existia mais... 
O vento que o trazia hoje

O levou embora!
Para outra dimensão. 
A qual não podemos ver 
Nem muito menos...

Senti-lo. 
Agora só nos resta

O mais puro dos ares,
E a liberdade da solidão

Nos fazendo companhia...

Ah! Um novo dia
Que há de espirar
Uma nova brisa
E mais uma vez...
Um novo tom