5 de agosto de 2010

Saber e querer

Já que minha amiga Alma levantou o assunto das noites de insônia... E como eu já comentei sobre a postagem dela, nessas noites acontece muita coisa... a maior parte acontece dentro de nós. Aliás, vou responder por mim, afinal, não sei se todo mundo "viaja" igual.

O fato é que minha mente ferve nessas noites. E dessas fervuras às vezes saem coisas legais, coisas úteis, como respostas, ideias, poemas... Quando minha cabeça fervilha demais, minha terapia é escrever. Às vezes escrevo diretamente o que aconteceu e, só de botar pra fora (mesmo que por escrito), alivia bastante. Mas outras tantas vezes escrevo apenas a emoção diluída em outras histórias. Até porque nem sempre a história original é tão legal quanto eu gostaria que fosse! hehehe Então a criatividade me ajuda nessa hora! Enfim, numa dessas noites escrevi um poema. Esse é um daqueles que fazem parte desse último caso que citei - a situação não é real, tem pouca coisa minha de verdade. Foi pura ficção, saída de uma série de coisas que passavam na minha cabeça na hora. Hoje nem me lembro quais eram! Mesmo assim, acabei gostando do resultado.

Este poema foi publicado num livro. Não é um livro meu. Ainda! É um livro publicado pela CBJE: Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Vale dar uma olhada no site: www.camarabrasileira.com Falarei sobre eles num outro post. Bem, este poema saiu no livro "Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos", número 65. Tive que reduzir e modificar um pouquinho o meu original para caber nas normas do site. A versão publicada no livro ficou legal, mas, aqui no blog vou postar o original, que acho melhor - sempre com a modéstia à parte!

O poema leva o título desse post: "Saber e querer" e segue abaixo.


Nas curvas a culpa me estimula
a noite linda, a lua linda
A estrada deserta, a mente cheia
de vontades, ideias, desejos
A sensação surreal daquele momento
imerso em emoções ilícitas
pela moral e pelos bons costumes
Que se explodam os bons costumes
pouco me importa a moral
quero saber só de mim
e do que estou prestes a fazer
Só o luar me observa
só as estrelas por testemunhas
E essa vontade que não passa
me domina, me condena e liberta
Deixe que eu me sinta livre agora
só agora, só um pouco
para compensar toda a vida
Hoje eu não respondo por mim
ou talvez seja o contrário
talvez eu tenha desde sempre
respondido pelos outros
pensando sempre nos outros
Mas hoje vou pensar só em mim
no que eu quero, no que não posso
no que não devo e mesmo assim vou fazer
Eu sei o que faço e ainda assim o faço
ninguém nunca vai saber
Me entrego então a esse desejo
vou parar de resistir
parar de pensar, de me proibir
Vou dançar e vou sorrir
não existem regras para me punir
Não existe razão nem consciência
hoje sou livre, sou só essência
o corpo e a carne sem amarras
a alma leve, o ar denso
quase palpável
de volúpia e de desejo
do que sinto, do que vejo
da tua pele, da tua boa, do teu beijo
da tua mão na minha nuca
segurando meu cabelo
meus ouvidos ouvindo teu som
minha pele sentindo teus dedos
meu olfato sentindo teu cheiro
minhas mãos te segurando
minhas unhas te marcando
minha boca e a tua, a noite e a lua
o querer e o poder, o início e o fim



Este foi o poema. A versão do livro é menor e mais "light". Quem quiser ler o que foi publicado, pode ir ao site da CBJE e procurar nas edições anteriores.
Por enquanto é só.

3 comentários:

  1. Que tenhamos muitas noites de insônia para que as inquietações nos inspirem a criar... Escrever é uma terapia, cada palavra no papel é um suspiro de alívio. Escrever liberta!!! Liberta porque essas criações não nos pedem métrica, rimas ou formas perfeitas, somente as nossas emoções! Simples e verdadeiras! Emoções que quando compartilhadas mostram que todos temos as mesmas angústias e alegrias... E é tão bom dividir!!!

    Saber e querer, um dos meus preferidos! Sabemos e queremos muitas coisas... Muitas coisas desse mundo infindo!

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  2. Que delícia esse comentário! Libertador, eu diria... hehehe E concordo: é muito bom dividir!

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  3. Amei o poema! E concordo com os comentários: a insônia e a inquietação em muito nos ajudam a criar! Gostaria apenas de ter o mesmo talento para a escrita. Quem sabe um dia... rs

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